GLAM FOR YOU

Sem categoria

DIÁRIO DE UMA BLOGUEIRA: QUASE OITO ANOS DE BLOG

Às vezes fico horas parada em frente ao computador, tentando escrever diários, posts diferentes. Acho que esse tempo todo de blog “plus” exposição foi me deixando mais crítica e, talvez, um pouco menos espontânea. Às vezes fico triste com isso, às vezes ligo o foda-se e escrevo o que penso mesmo assim, mas às vezes ligo o foda-se e saio do computador sem escrever nada.

A verdade é que andei pensando muito sobre esse espaço, sobre a minha profissão, sobre tudo isso aqui. É um pacote, um pacotão na verdade.

Comecei o blog falando sobre looks de Lindsey Lohan e Carolina Dieckmann. Não mostrava meu rosto, nem sequer existia look do dia. Eu trabalhava em São Paulo. Já tinha feito faculdade de moda e estava completamente descrente desse mercado. Morava em um apartamento pequeno (flat), pago pelo meu pai. Tinha um carro pago pelo meu pai. Trabalhava para comprar meus extras, pois sempre gostei de ser independente. Meus pais sempre me deram liberdade e o que eu precisava, mas o supérfluo ( que eu sempre gostei, btw ) eu tinha que ir atrás e comprar com meu dinheiro, ou então poderia esperar meu aniversário ou alguma data bem comemorativa. Ou, sem meu pai saber, pedir para minha avó. O que normalmente resultava em um castigo quando ele descobria. Mas dava certo rs. Eu era da pá virada, mas me virava. Meus avós sempre deram tudo que o meu pai queria e precisava, talvez por isso ele sempre me deu tudo que eu precisava, mas não tudo que eu queria. Tem algo de filosófico aí.

Tinha um namorado que acreditava desde o começo que esse espaço poderia virar uma profissão. Me emprestou 300 reais para pagar um programador para deixar a carinha do blog de moda mais “profissa”. Eu não quis pedir dinheiro para meu pai, pois eu já havia passado por vários trabalhos “micados”, entrado e saído do mercado. Havia pedido demissão há alguns dias e não quis fazê-lo pensar o que ele sempre pensava: “Ah, o que eu faço com a Natália. Ela não dá certo em nada…”. Comecei então indo em eventos, conhecendo pessoas, fazendo “amigas”. Isso realmente levou muito tempo, poucas pessoas sabiam o que era um blog na época. As pessoas foram gostando da forma que eu escrevia (tudo errado…kkk), se relacionando de alguma forma comigo e com o espaço. Eu fui mostrando mais a minha carinha, aparecendo lá e aqui, falando mais e mais em primeira pessoa. As pessoas foram se conectando. A brincadeira foi virando algo mais sério. Eu sempre acreditei nesse espaço e sempre almejei mais e mais para ele.

Depois de um tempinho, de muita dedicação e relacionamento com vocês, o blog entrou para um grupo. Eu sempre acreditei em grupos, mas acho que as pessoas são diferentes e o respeito a isso tem que ser irrevogável. Comecei a ficar desanimada, achando que havia perdido a minha essência. Algo tão triste e desanimador para alguém tão sagitariana como eu. Acredito em energia, em essência, em não se corromper, em não subir além da conta, em não passar em cima do coleguinha para se ter o que almeja. Mas infelizmente isso muitas vezes é um problema. Não deveria ser, mas é. Deixei de fechar contratos grandes por não achar que a marca combinaria com nosso espaço. Fechei portas importantes por acreditar nisso e seguir até o final. Bati o pé, voltei a ser “sozinha” e isso me fez muito bem. A minha consciência voltou a dormir tranquila, porém comprei brigas grandes por acreditar que caráter não é negociável. Mas sigo firme e forte e nenhuma briga comprada foi páreo para um crescimento digno e honesto.

O blog foi classificado inúmeras vezes ( olha só como vamos ficando blasé, sem querer. Não consigo me lembrar se foram 5, 6 ou 7 vezes ) como um dos blog mais vistos e acessados do mundo por um veículo importantíssimo de comunicação e mídia digital.

Nesse meio tempo meu pai parou de pensar que eu não daria certo em nada na vida, pois a partir do momento que eu comecei a ganhar dinheiro, mesmo que pouco com o meu negócio, eu liguei e falei: “Pode cortar o cartão, pode parar de pagar o aluguel, obrigada por tudo, te amo.” (Ah, mas deixa o carro, please kkkk). Passei uns perrengues, pois não queria voltar atrás, não queria pedir dinheiro para ele, mas não fechava todos os meses no azul rsrs.  Juntei os trapos com o namorado que me emprestou os primeiros 300 reais. Ele compreendia maravilhosamente bem meus eventos (eram muitos, estava no início, precisava de networking) e as milhões de fotos que eu tirava e pedia para ele tirar por dia. Brigava vez ou outra por eu ficar madrugadas a fio no computador, pesquisando e fazendo posts para o final de semana e etc. Brigamos em algumas viagens, sempre pelos mesmos dois motivos: 1- Não parar de tirar foto! 2- Não dormir com ele, pois a hora que ele ia dormir, eu tinha que passar as fotos pro computador, tratar, escrever o post da viagem…Ia dormir às 4hs da manhã e acordava com ele, que estava super descansado rs. São as nossas escolhas.  Enfim, tem muito mais por trás do que as pessoas podem e, às vezes, querem ver. Depois de algumas brigas e muito amor, nos casamos. Temos uma coisa linda em comum, estamos construindo nossa vida juntos. Independente de família, estamos crescendo step by step sozinhos. Começamos em um apt pequenino, fomos para um maior, depois um maior e espero que isso nunca pare. Não pelo dinheiro, não pela ganância, não pela ostentação. Muito pelo contrário. Apenas pela satisfação de se fazer planos juntos. De crescer. De almejar. De alcançar.

Depois de alguns anos, marido saiu do seu trabalho formal, clt, seguro, para embarcar comigo em mais um sonho, a minha marca de roupas. Ela estava pequenina, mas com muito futuro pela frente. Eu, que já fazia reuniões, tirava fotos pro blog, ia a eventos, escrevia post, não conseguia dar conta de tudo sozinha e Antonio acreditava que a marca tinha muito potencial, porém precisava de alguém dedicado a ela. Foi aí que ele nobremente saiu de sua zona de conforto em seu trabalho de banco premium e se jogou no meu sonho. Aí o sonho virou nosso. Mais um.

A marca cresceu, começou em 65 pontos de venda do País e hoje está em uns 35 ( acho eu, nunca fui boa com números rs. Sei minhas limitações rsrs ), pois achamos que é melhor qualidade do que quantidade. O mesmo que acho de tudo nessa vida. Hoje temos uma equipe que veste tão bravamente nossa camisa, que arregaça as mangas e faz. Empresa nova e pequena é assim, fazemos de um tudo. Hoje tenho uma parceira no estilismo da NV, trabalhamos juntas, criamos juntas. Ela é essencial, eu não tenho tanta agenda para tanto problema que aparece no meio de um desenvolvimento de coleção de roupas. É botão, é aviamento, tecido que acabou, estampa que veio manchada, são os milhares de fornecedores. São os prazos que quase nunca são cumpridos. Entre outros milhões que vão aparecendo por aí, até que a roupa chegue linda e cheirosa para o cliente final. Mas problema nenhum é páreo para a felicidade de ver alguém vestindo a nossa marca. Ishhhhh, isso não tem preço.

O blog continuou sendo meu business, eu contratei uma pessoa que está comigo até hoje para me acompanhar, responder meus emails comerciais e cuidar da loucura da minha agenda. Sou um tanto desorganizada, sem ela eu não seria nada! Eu ainda fico encarregada de responder meus leitores, aqui, no insta, no face, no snap. Graças a Deus as perguntas e recadinhos não param. Também não consigo viver sem fazer as fotos, ir a eventos, viagens, postar no blog. Eu amo isso!

Mas eu também sou movida a energia e a paixão, então o lado ruim disso tudo me pega bastante às vezes. As respostas grosseiras, os recados maldosos, tudo isso me deixa pesada muitas vezes. Sempre fui muito sensível, a tudo. Minhas amigas sempre me perguntavam o que eu achava de tal pessoa, primeiro por eu não ter costume de ficar falando mal dos outros ( Não sou perfeita e nem quero parecer isso. também falo, é normal, é humano. Mas não gasto tanta energia nisso ) e segundo por eu sempre acertar sobre as intenções e carater dos outros. Não sei o que é isso, mas eu sempre chamei de sensibilidade. Minha irmã me chamava de bruxa, pois sempre que eu encanava com uma amiga dela, tempos depois ela vinha chorar que essa amiga havia feito algo pra ela, ou algo do tipo. Eu sou muito pra cima, doidinha, como algumas amigas me chamam, me recuso a ficar deprê ( meu marido sempre fala que desse mal eu não morro rsrs. Tenho muitos casos em casa, vejo isso muito de perto, então acho que me preparo psicologicamente para não passar por isso. É um foco, sabem como? rs ) mas as coisas me atingem. Ué, sei que não é pra atingir, mas atinge. Acho nobre reconhecer nossos pontos fracos rs. Então, depois de algumas pessoas me desapontarem, depois de muito tempo ouvindo coisas ruins ( Gente, deixando o escritor de auto-ajuda de lado, não tem jeito, é obvio que devemos focar no lado bom. É obvio que o lado bom é 99% maior. Mas é humano se deixar abalar com o 1% negativo. Pronto ). Depois de ver muita gente ruim se dando bem na vida ( sim, isso também me tira do centro ahahaha ). Depois de ver muita gente se relacionando por interesse. Depois de ver pessoas tratando bem quem lhe convém. Depois de ler tanto desaforo e maldade… Estou sendo tão sincera, muitos vão me chamar de louca ( principalmente meu marido, depois de ler esse post ). Acho que me deixei abalar, acho que deixei acontecer o que eu sempre temi. Acho que me deixei levar.

E aí teve a chegada do Bernardo… Ahhh sua chegada. Tão documentada. Tão esperada por vocês, e muito, mas muito por nós. Ele veio como um furacão e mudou minha vida em todos os sentidos imaginários. Comecei a perder o gás que sempre tive. O ânimo de trabalhar e fazer acontecer. Só queria ficar com ele. Ainda vivo uma constante monta-russa interna, entre o querer ficar com ele, grudada, e querer ser livre e realizar. Fazer o que amo. Acredito que isso nunca mudará, converso com várias mães, e as mais sinceras dizem que é assim mesmo rs. Aos poucos fui me perdendo. Perdi o tesão em fazer o que mais amo fazer. Fiquei pesada. Parei de dar importância aos 99% e deixei esse 1% entrar. Parei e esqueci tudo que fiz para chegar até aqui, tudo que conquistei. Tudo que esse espaço me proporcionou. Tudo que enfrentei. Tudo que amadureci. Tudo que ganhei. 

Aos poucos fui parando de escrever em primeira pessoa. Fui me distanciando. Fui fazendo apenas meu trabalho.

Mas pera aí. Poxa. Não era pra ser assim… Eu amo isso aqui.

Parei, tirei um tempo pra mim. Pensei. Não quero que isso aqui seja apenas meu trabalho. Não sei viver sem paixão… Sou uma eterna apaixonada, preciso dela pra viver. Quem me conhece pessoalmente sabe. Sou fugaz. Tenho vida. Tenho brilho nos olhos ( não como beleza, não como aparência, mas como essência ). Não posso deixar isso acontecer.

Penso que como todo mundo, passamos por fases. Querendo ou não são 8 anos fazendo a mesma coisa. Muito palpite, muita energia roubada. Depende apenas de mim, fico feliz que eu tenha percebido. Fico feliz que eu ainda tenha esse espaço para desabafar. Fico feliz de poder falar tão intimamente em um espaço para tanta gente. Se for parar pra pensar, isso aqui seria uma palestra. E se for colocar a quantidade de pessoas que vão ler isso aqui, teria que ser no maracanã. Pensa a loucura?! É insano.

Já pensei bastante, vou reformular esse espaço. Vamos ter mais vídeos, quero que me falem sobre o que gostariam que eu falasse?! Ou sou tão crítica, que quando penso em fazer alguma coisa, penso que tal pessoa já faz isso, e aí não quero parecer copiona, e logo desisto… Ai, pra quê ser tão sincera, Natália ahahhaha.

Quero que vocês me falem o que mais gostam daqui… O que faz vocês gostarem de vir aqui, e gostarem de mim? O que gostariam de ver mais por aqui? Eu amo escrever, amo me comunicar, amo esse espaço. Seria metade de mim, se vocês e sem ele.

Obrigada por terem lido até o final ahaaha.

Amo vocês, obrigada por tudo até hoje =)

Nati.

blog-de-moda